
Ministrantes: Simone Nunes Brandão e Lucas Silveira Antonietto
Monitores: Rayran Araújo Praxedes, Heitor Almeida Batista de Sá, Dayverson Kaíque Freire da Silva, Victor Messias de Macêdo Costa, Wiviane Nascimento Alves, Marcos César Freitas Rodrigues Ferreira
Conteúdo programático:
Durante este minicurso você terá uma oportunidade de passear pela história dos bancos de dados de biodiversidade desde seus primórdios (catálogos em papel, depois computadores com cartões de papel) até hoje (bancos de dados online, muitas vezes de livre acesso). Começaremos com uma introdução sobre bancos de dados, tipos de bancos de dados, conjuntos de dados (comumente confundidos com bancos de dados) e depois passaremos pela história e evolução dos bancos de dados de biodiversidade. Desde sua criação no final da década de 80 do século XX, a world wide web (ou “internet” na linguagem cotidiana) possibilitou acesso a informações de forma nunca experimentada pela Humanidade. Neste processo, os bancos de dados foram passando dos computadores pessoais para o formato online com acesso livre. Ao longo das décadas que se sucederam, os bancos de dados de biodiversidade foram se multiplicando, diversificando seus escopos e ganhando novas funcionalidades. Alguns exemplos brasileiros são: (1) Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira (CTFB – taxonomia); (2) Nuclei of Bioassays, Ecophysiology and Biosynthesis of Natural Products Database (NuBBEDB – produtos naturais e princípios ativos); (3) MApBiomas (uso da terra); e (4) Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES – serviços ecossistêmicos).
Os bancos de dados passaram a reunir dados antes espalhados em periódicos, livros e relatórios impressos, que muitas vezes eram inacessíveis à maior parte dos pesquisadores, tomadores de decisão e sociedade em geral. Os pesquisadores envolvidos no desenvolvimento dos bancos de dados de biodiversidade rapidamente entenderam a necessidade da interoperacionalidade (ou seja, a comunicação automática entre os bancos de dados). Para que isto pudesse acontecer, foi necessário criar padrões para os diferentes tipos de dados, e assim o Darwin Core foi desenvolvido de forma conjunta por pesquisadores de diversas áreas. Desta forma, os diferentes tipos de informações passaram a ser trocadas de forma automática e simplificada entre bancos de dados e instituições.
Em paralelo, a comunidade científica nacional e internacional se organizou no intuito de evitar a duplicidade de esforços, de forma que bancos de dados foram se especializando para receber determinados tipos de dados. Por exemplo, o “Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira” é o resultado da compilação das espécies de animais que vivem atualmente no Brasil, enquanto o “Catálogo dos Táxons Fósseis Brasileiros” começou a ser compilado em 2021, visando todas as espécies fósseis coletadas no território brasileiro. Já o “Flora e Funga do Brasil” visa a compilação das informações sobre todas as espécies de plantas, algas (nem todas as algas são da linhagem das plantas) e fungos do Brasil.
Ao mesmo tempo, diferentes ferramentas foram sendo desenvolvidas dentro do contexto de cada banco de dados, p. ex., ferramentas para visualização de ocorrências de táxons em mapas (Ocean Biodiversity Information System, OBIS) ou paleomapas (The Paleobiology Database, PaleoDB), visualização do uso da terra no Brasil em diferentes décadas (Mapbiomas). Outra ferramenta interessante de se citar é a “match taxon”, que permite comparar uma lista de espécies com os táxons contidos na plataforma Aphia, que armazena todos os dados do World Register of Marine Species e de outras dezenas de registros globais como a World Ostracoda Database (WOD), para a qual olharemos mais a fundo neste minicurso. Ainda com intuito de facilitar o acesso à informação contida em diferentes bancos de dados, para que estas pudessem servir a uma grande diversidade de finalidades, foram desenvolvidas plataformas online, como a plataforma Aphia (citada acima) e o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr). Desta forma, os bancos de dados abertos de biodiversidade funcionam como uma rede de sistemas editada e gerenciada por especialistas em taxonomia, biogeografia, bioinformática, TI, etc. Apresentaremos brevemente as principais plataformas por trás dos bancos de dados de biodiversidade.
Na sequência falaremos em mais detalhes da história da World Ostracoda Database (WOD) e do World Register of Marine Species (WoRMS), pois foi neste último que a WOD começou. Apresentaremos também a Aphia, plataforma por trás da WOD, do WORMS e de mais dezenas de registros globais1, regionais2 e temáticos3. Além dos registros contidos na própria plataforma, a Aphia oferece acesso a bancos de dados externos4, e também transfere seus dados para diversas instituições e iniciativas nacionais e internacionais, como Ocean Biodiversity Information System, Global Biodiversity Information Facility, e diversos museus e institutos de pesquisa ao redor do globo.
O presente mini-curso vai oferecer uma “viagem” pelos diferentes tipos de bancos de dados de biodiversidade, através de aulas teóricas e sessões práticas, onde os participantes poderão a publicar dados na Aphia, podendo adicionar/editar táxons aos bancos de dados, referências bibliográficas (incluindo pdf), ocorrência geográfica e estratigráfica, informação sobre espécimes tipo, ilustrações, informações biológicas, ecológicas, entre outras.
1-3 Exemplos de registros com dados na plataforma Aphia:
Globais1: Global Compositae Database, MolluscaBase, MilliBase, World Foraminifera Database, World Marine, Freshwater and Terrestrial Isopod Crustaceans Database, World Mangroves Database.
Regionais2: African Register of Marine Species, Belgian Register of Marine Species, Clarion-Clipperton Zone Species Checklist.
Temáticos3: Marine Species Traits, IOC-UNESCO Taxonomic Reference List of Harmful Micro Algae.
4Exemplos de bancos de dados que podem ser acessados através da plataforma Aphia: FishBase, International Committee on Taxonomy of Viruses: Master Species List, The Reptile Database.